meu coração
Da terra, uma semente pequenina
Abre ao sol, em sorrisos de verdura.
E o rubro raio aceso que fulmina,
Rasga o seio da nuvem que é ternura.
Ao longo da êrma e pálida colina,
Um doce fio de água anda à procura
De alguma rosa angélica e divina,
Abandonada e morta de secura
Meu forte coração também nasceu
Para criar cantando um novo céu.
Ninguém lhe entende a mística harmonia.
Lembra remota estrela desmaiada
Que mal se vê na abóbada azulada,
Mas para um outro mundo, é grande dia.
Teixeira de Pascoaes
foto| Cala Predonga - Menorca | agosto'17
texto | A Poesia de Teixeira de Pascoaes de Jorge de Sena - Brasília Editora | 1982