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andar por fora

"Há pequenos instantes na vida que preenchem o momento. É preciso recomeçar a viagem. Sempre!"

☆As melhores memórias tem sempre uma viagem!☆
31 de Janeiro, 2018

uma vénia

sonia goncalves

 

 

foto Atenas agosto'17_17

 

O Poema Ensina a Cair

 

O poema ensina a cair
sobre os vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede

 

até à queda vinda
da lenta volúpia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma.

 

Luiza Neto Jorge, in 'O Seu a Seu Tempo'

 

foto | Atenas | agosto'17

30 de Janeiro, 2018

unidade e compreensão

sonia goncalves

DSC09522

 

 


Necessitamos imenso de unidade e de compreensão. Unidade não é uniformidade, mas busca e aceitação do que nos completa e complementa. Compreensão não é domínio sobre as diferenças, é diálogo e apreço pelas outras realidades que não são as nossas. Há caminhos de unidade e de diálogo tão exigentes que
só podem ser trilhados pelos humildes, isto é, pelos que não desistem, mesmo quando não vêem resultados.

 

(Padre) Vasco Pinto de Magalhães, in 'Não Há Soluções, Há Caminhos'

 

foto | Lisboa | dezembro'17

28 de Janeiro, 2018

merecimento

sonia goncalves

Patmos_6

 

 


Considerai e medi bem os degraus, uns tão altos, outros tão baixos, por onde, tropeçando, ajoelhando e caindo, ou se perde a pretensão, ou se chega finalmente a tomar posse do lugar pretendido, e vereis quanto mais custa o alcançar que o merecer.

 

Padre António Vieira, Sermões


foto | Patmos | agosto'17

27 de Janeiro, 2018

dois cavalos de pedra

sonia goncalves

DSC00034

 

O Coração

 

Que jogo jogas, comédia ou lágrima? Cor
suspensa. Prodígio doendo. Enganador
relâmpago. Donde se enreda esta coragem
que chora ao riso e ri à dor? Quatro são

 

as pedras mestras do teu jogo. Dois cavalos
e os reis. Melancólicos actores. Vazia, a
plateia. O tempo ferido. O peão fugitivo.
A emoção real do presságio. O aceno

 

cordial do outro lado do jogo. Inscrição
única do pólen, jogada que se arrasta.
Gota de tédio na lonjura das casas.

 

O fecho do jogo se conclui. Muda o rosto a
visão possível. Cordato, o lance destrói
a memória do que já não vejo ou sei.

 

Orlando Neves, in "Decomposição - o Corpo"

 

foto | Lisboa | dezembro'17

 

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